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Transição para a idade adulta

3. Apoiar o meu filho

3.3. No que respeita à sua autonomia

Photo: Pixabay.com

Neste capítulo, encontra sugestões de como apoiar o seu filho no processo de se tornar independente. As áreas seguintes serão discutidas com mais detalhe:

  • Promover pontos fortes (3.3.1.)
  • Descobrir novos campos de aprendizagem (3.3.2.)
  • Usar a confiança de pessoas externas na criança (3.3.3)


ATIVIDADE: “Criar cartões de atividades”

a.) Considere uma atividade domestica que o seu filho aprendeu ou da qual é responsável.

b.) Crie um  "Cartão Atividade" com o seu filho.

Exemplo de uma atividade para o cartão atividade: Cleaning a bathroom


Foto: pixabay.com

3.3.1. Promover pontos fortes 

Os jovens precisam de ter uma forte autoestima!

"Geralmente uma boa aparência, atividades desportivas e amigos contribuem para uma boa autoestima. Os jovens com deficiência intelectual devem conhecer os seus pontos fortes e, ao mesmo tempo, lidar com as suas fraquezas, como por exemplo, uma aparência que pode não corresponder ao ideal convencional de beleza. Por fim, eles têm de ser capazes de fazer mais do que os outros e aceitar ser diferente e ainda gostarem uns dos outros." [18]

 

Photo: IB Sued-West gGmbH

Para desenvolverem os seus pontos fortes, as crianças com deficiências graves precisam de apoio. É importante dar resposta à situação específica da criança e encontrar um equilíbrio entre apoio e exigências. Para tipos específicos de deficiência, foram desenvolvidas abordagens especiais de apoio como por exemplo o método TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits Relacionados com a Comunicação) para crianças com distúrbios com autismo.

A dinâmica em psicologia e educação - das limitações, para os pontos fortes - assume vários conceitos e abordagens, como o conceito de “salutogenesis” (forças que geram saúde) e resiliência, e deu origem a uma atitude orientada para os recursos.

Os recursos são fatores que podem fortalecer as pessoas numa situação!

"Eles tanto podem ser desenvolvidos na própria pessoa (recursos pessoais) como serem trazidos para a pessoa pelo meio ambiente (recursos ambientais). Se os recursos são acentuados, eles promovem o desenvolvimento humano - também compensando os défices e distúrbios do desenvolvimento". [19]

Todos nós temos pontos fortes.

Em algumas pessoas eles são mais acentuados, noutras menos. Em alguns casos, os fatores intangíveis estão "adormecidos" e ainda não foram descobertos. Quando as pessoas são questionadas sobre os seus pontos fortes, elas geralmente não têm uma resposta clara e convincente, precisando, antes do mais, pensar muito e bem.

Então, como pretende usar os seus pontos fortes, se não tem consciência deles? Através de uma pesquisa (seja um caçador de tesouros!):

  • Tome como sua tarefa identificar e usar os pontos fortes e as capacidades das crianças. Algumas perguntas úteis: Em que é que o seu filho é bom? O que é muito fácil para ele? Tem alguma competência especial?

  • Inclua a sua família, os amigos e conhecidos. Porque mesmo a opinião deles, vinda do "exterior", é de grande importância e abre novas perspetivas!

  • É fundamental que tome repetidamente consciência dos seus pontos fortes, treinando-os e, acima de tudo, aproveitando-os. Como em qualquer formação, a pratica faz o "mestre".

  • Seja criativo e torne visíveis os seus pontos fortes, por exemplo através de uma colagem, ou da recolha dos pontos fortes e recursos numa arca do tesouro que pode ser resgatada sempre que for necessário.

  • Não esteja sempre a comparar a evolução do seu filho com a das outras crianças, olhe antes para a sua subjetividade! A melhor maneira de acompanhar a evolução do seu filho, passa por elaborar regularmente pequenos planos e relatórios da sua evolução.

  • Todo ser humano tem recursos, mais ou menos ativados, que estão disponíveis para lidar com situações da vida! [20]

  • Incentive o talento porque as nossas expectativas de sucesso são influenciadas pelo quanto acreditamos nos nossos pontos fortes! [21]

  • Procure modelos e pessoas que possam servir de exemplo, para gerirem a incapacidade na idade adulta! - Modelos, ídolos, referências podem encaminhar as nossas ações na direção desejada. A imitação é uma das três principais formas de aprender! "Exemplos mostram que aquilo que ainda considera impossível na sua mente é há muito tempo realidade na vida real."

Para o adolescente, pode se tornar numa situação muito frustrante, ele não conseguir vivenciar a sua autonomia.

Como pode aqui ajudar o seu filho: 

  • Saiba que encorajar o seu filho a se tornar mais autônomo não significa abandonar ou desistir da criança. [23] 

  • Numa escala reduzida, como podem os jovens ganhar experiência de serem autónomos - mesmo com o apoio de outras pessoas -, de tal forma que eles próprios estejam "no centro"? Crie incentivos para isso! [24]


3.3.2 Descobrir novos campos de aprendizagem

Photo: IB Sued-West gGmbH

“Na verdade, os pais da PWID são subitamente confrontados com desejos, por exemplo, a aquisição de uma carta de condução, que não é necessariamente realizável. Eu enfatizo "não necessariamente", porque não há nenhuma regra sobre isso: eu fui por diversas vezes impressionado por jovens PWID e pelas suas competências. Mesmo que as hipóteses de sucesso sejam baixas, não deve poupar a todo custo, uma deceção ao seu filho evitando que ele a vivencie. Refiro-me ao exemplo da carta de condução: conheço pais que deixam os seus filhos terem uma aula de condução. Acaba por ser um fracasso, mas pelo menos eles deram ao filho a possibilidade de tentar. "[25]

A aprendizagem acontece inconscientemente em muitas situações da vida quotidiana. Conhecimento experimental, experimentação, testes, absorver e aplicar informação - por detrás de todas estas atividades existe um processo de aprendizagem. Aprender significa partilhar, criar, discutir e vincular informações. Aprender significa tornar-se ativo. Requer interesse e motivação por parte do indivíduo.

O objetivo de toda a aprendizagem é melhorar a qualidade de vida, aumentando a capacidade de atuar num contexto social, profissional e privado. A aprendizagem é um processo vivo ao longo da vida, que leva a uma relação consigo próprio, com os outros e com o mundo. [26]


"Novos desafios - criando “furos” no seu dia a dia!"

Como pode aqui ajudar o seu filho:

  • Nunca proponha logo uma “assistência total"! Tem de saber bater o pé aos seus filhos. Eles não podem ter tudo automaticamente. Para aprenderem a assumir responsabilidades, é importante que aprendam alguma coisa por si próprios. [27]

  • Tem alguma ideia, onde pode incluir "furos" na sua rotina diária? Exemplos: Peça que preparem o seu próprio almoço, dobrem as suas próprias roupas, levantem-se sem serviço de despertar, mesmo que a cenoura não fique perfeitamente cortada, a prática leva à perfeição!

  • Maior autonomia ou um sentido de realização podem ser incentivos para a conclusão das tarefas. As crianças que tiveram de resolver muitos problemas demonstram ser mais felizes! [28]I

  • Para criar um sentido de realização, é importante definir desafios e atribuir tarefas que inicialmente são fáceis de concluir e que podem ser divididas em etapas muito pequenas.

  • Estas tarefas deixam claro o que o seu filho pode ou não fazer, onde estão as suas possibilidades de desenvolvimento e onde estão os seus limites - incluindo os relacionados com a deficiência.

  • Jamais lhes ofereça "tudo de mão beijada"! Os seus filhos precisam ser contrariados. Eles não podem automaticamente ter tudo. Para aprenderem a assumir responsabilidades, é importante que os seus filhos aprendam algo por si próprios.


Photo: IB Sued-West gGmbH


"Tire partido das oportunidades educativas!"

Oportunidades educativas ajudam a adaptar às exigências da vida.

No que diz respeito às pessoas com deficiência, a educação de adultos tem a tarefa de proporcionar novas experiências e de as processar, [29] transmitindo conhecimento, apoiando a sua autonomia e moldando a própria vida. [30] A informação é importante para tomar decisões.

As PCDI, em particular, muitas vezes têm problemas em tomar decisões, já que raramente tal tenha sido uma opção no passado. No entanto, uma vida em grande parte autónoma, significa que as decisões com consequências mais ou menos abrangentes têm que ser tomadas vezes sem conta, como por exemplo a decisão para um trabalho [31

Como pode aqui ajudar o seu filho:

Os pais devem incentivar os jovens a descobrir e perseguir os seus próprios interesses ou a responder ativamente às mudanças da vida quotidiana.

Permitir a participação em oportunidades educacionais


3.3.3. Aproveite a confiança das entidades externas na criança

A ajuda externa na adolescência tem muitas facetas:

Ajuda os jovens a fazerem experiências fora de seus pais, por ex. num grupo de pares (capítulo 2.3.5). Mas ajuda também os pais a "deixarem ir" e a desenvolverem um novo relacionamento com seu filho

A autoconfiança do seu filho é fortalecida pela superação de obstáculos, pela coragem e pela confiança. Quanto mais vezes o seu filho tiver oportunidade de experimentar (espaços experienciais) e dominar as coisas, melhor aprenderá a lidar com a frustração aumentando a sua autoconfiança

Repetidamente, os pais sentem que os pontos praticados há muito tempo só começarão a dar resultado com uma pessoa externa. [32]

A determinação de pessoas externas tem a vantagem de interromper as rotinas. Mesmo pequenas mudanças no processo podem exigir uma reformulação do mesmo e uma nova atitude.

Uma "diferente" avaliação da pessoa e dos seus pontos fortes e fracos ocorre, independentemente da natureza da ligação e da dependência.

Como posso aqui, ajudar o meu filho:

  • Existem tarefas e funções que podem ser transferidas para outros membros da família ou para outras pessoas?

  • É importante que estes outros colaboradores apoiem a experimentação. Isso cria novas espaços de desenvolvimento.

  • Já se questionou que parte das suas tarefas de apoio podem ser confiadas a apoios ou ofertas externas?  

Photo: Chiara Welker