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Envelhecimento

3. Amizade e socialização

3.4. Pessoas como nós

Quando temos a possibilidade de escolher os nossos amigos escolhemos pessoas que tenham com algo em comum connosco. A idade e o passado podem não ser o mais importante numa boa amizade. Eu e a Torill temos amigos 25 anos mais novos e 30 anos mais velhos do que nós. O mais importante é saber quem somos e como nos apoiamos uns dos outros.

A falta generalizada de independência que a maioria das PCDI têm torna difícil encontrar o que os outros definem como o seu "nicho" de influência e a sua identidade. Entre as PCDI as expectativas próprias e a sua identidade própria, muitas vezes são influenciadas pela expectativa que as outras pessoas têm deles como um destinatário passivo ou como uma pessoa igual às as outras. O papel que assumem influencia que sejam classificados como perdulários ou como vencedores (9).

Foto: Lars Aage Hynne

A capacidade de compreender os estados mentais (i.e. sentimentos, desejos, crenças e intenções) dos outros e de si mesmo é uma das características sociais do ser humano é referida na literatura como a teoria da mente.. Esta capacidade desenvolve-se entre os três e os quatro anos de idade, e é fundamental para uma interação social efetiva (11-13). Algumas pessoas com ID têm dificuldade em compreender as interações humanas, e algumas delas só as aprendem bastante mais tarde do que os três ou quatro anos. Algumas podem mesmo nunca as aprender. Especialmente pessoas com autismo para as quais a leitura da mente é difícil. A falta de compreensão também se aplica ao ego e resulta numa disfunção perturbadora para formular e expressar narrativas racionais do ego (12, 14).

Compreender as diferenças e as semelhanças é útil quando tentamos encontrar um bom amigo ou quando com ele passamos algum tempo juntos. A variabilidade das reações humanas torna-nos ao mesmo tempo diferentes e parecidos uns com os outros. Quando analisamos os traços das pessoas, encontramos várias semelhanças, influenciadas pela biologia, pelos genes e pelo meio ambiente. As reações e os traços humanos podem ser analisadas a partir das três perspetivas seguintes (10):

  1. como as dos outros todos.,  
  2. como as de algumas pessoas. 
  3. como as de nenhuma outra pessoa.

A categoria '1' aplica-se a algumas características comuns dos seres humanos e as categorias '2' e '3' contêm as diferenças entre as pessoas.

Estudos demostram que o córtex cerebral explica as diferenças nos níveis de estimulação entre os tipos de personalidade extrovertida e introvertida. Os introvertidos são mais sensíveis a qualquer tipo de estímulo: eles toleram muito pouca estimulação social antes de obter um nível ideal de estimulação. Para além desse nível, eles começam a retroceder para reduzir a estimulação (15).

Em contraste, uma pessoa extrovertida  tem "fome de estímulos". Uma pessoa extrovertida procura estímulos sociais e pode ter uma enorme rede social. Uma pessoa introvertida pode procurar a solidão e preferir lugares tranquilos (casa), enquanto uma pessoa extrovertida prefere visitar lugares e pessoas em todo o mundo.

Para uma pessoa introvertida, pode ser stressante ter uma pessoa extrovertida como seu amigo mais chegado. Podem ser amigos, mas o tempo que passam juntos será sempre muito pouco. Para as PCDI, com graves dificuldades de comunicação, pode ser particularmente difícil evitar situações e pessoas que não se encaixam nelas. Com o tempo, essa tendência pode levar as PCDI a desenvolver estratégias de automutilação como forma de saírem de situações em que "tudo é demais". Quando as pessoas introvertidas convivem com os amigos, elas não precisam de muita atividade.