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Saúde Sexual e Deficiência Intelectual

3. Cooperação

3.2. Envolvimento das PCDI

Envolvimento das PCDI

Hands shaped like a heart

Foto: S. Kühle- Hansen


Envolvimento das PCDI

As pessoas com deficiência intelectual (DI) têm, como todas as outras pessoas, o direito à liberdade, à autodeterminação e um processo adequado. Muitos precisam aprender a fazer escolhas. Isso requer incentivo, treino e apoio para ensinar as pessoas com DI a fazerem  as suas escolhas pessoais (24, 30).

 Wedding II

Conset: W.Fjeld

As pessoas com DI têm o direito de influenciar as suas próprias vidas. Eles podem e devem participar na tomada de decisão da sua vida quotidiana. Os pais precisam envolver e ensinar os seus filhos a fazer as suas próprias escolhas. Para algumas pessoas com DI, pode começar por escolhas simples entre diferentes bebidas, diferentes alimentos, brinquedos, etc. Para outras, podem ser escolhas mais complexas, tais como,. como escolher passar o tempo com a família, os amigos ou com uma namorada / namorado.

Pais e profissionais, por exemplo da creche, da escola ou da instituição de saúde são responsáveis por garantir oportunidades para que as PCDI tomem decisões sobre suas próprias vidas.

Cada pessoa tem direito a ser ouvido, a expressar a sua opinião e  influenciar casos em que se envolva. Podem ser ocorrências que afetem a sua autoimagem, o papel de gênero e a sua sexualidade. O envolvimento dará à pessoa com DI a sensação de poder fazer escolhas informadas e fortalecer a sua capacidade. (30).

O envolvimento das pessoas com DI melhora a cooperação e aumenta a confiança entre as partes. Pais e profissionais devem informar, motivar e apoiar a pessoa com DI. A responsabilização consiste na partilha de poder e no envolvimento da pessoa com DI, partindo do princípio de que ele se conhece a si próprio. (25).

Consulte o modulo Direitos Humanos 

As pessoas com DI não devem ser meros recetores passivos de serviços e orientações dos outros. Eles são especialistas das suas próprias vidas, e o envolvimento da pessoa com DI significa centrar-se nas suas  necessidades individuais e desejos. Pessoas com DI precisam sentir o poder e o controle sobre as suas próprias vidas. Isto inclui o respeito pela vida sexual  e pelo género da pessoa. O aspecto mais importante da cooperação entre a pessoa com DI, os pais e os profissionais de saúde é uma comunicação boa e propícia.

Pessoas com DI precisam de ter  oportunidade para desenvolver os seus próprios meios em relação a, e em dialogo com os outros. O diálogo pode ser uma ferramenta útil para criar a melhor cooperação possível entre a pessoa com DI e os seus pais. O envolvimento pode ser demorado e desafiadora para a família, mas é muito importante.

Competencia e autodeterminação. 

O seu filho tem um comportamento sexual?  Ele pode apresentar sinais de comportamento sexual esfregando-se contra os móveis ou batentes da porta, ou fazendo pressão com o corpo no chão enquanto faz movimentos rotativos com o abdômen. Tal comportamento é geralmente sexualmente estimulante. Eles estimulam o abdômen, o pênis / clitóris e as áreas vizinhas. Ao reconhecer essa ação como um comportamento sexual, deve orientar o seu filho de modo a que ele realize essa estimulação num ambiente apropriado / privado.

A maioria dos pais não quer que seus filhos realizem tais atos na sala de estar, na cozinha ou durante as visitas a outras pessoas. No entanto, a maioria de nós pode aceitar este comportamento quando a criança está no seu próprio quarto ou em outro espaço adequado.

Como pai, acredita que todos temos uma sexualidade? 

Acha que todos devem ser capazes de expressar a sua sexualidade de uma forma adequada?

Como podemos avaliar os direitos e a competência da pessoa para dar consentimento? Para que um consentimento seja válido, ele deve ser fundamentado no entendimento da própria situação, naquilo para que foi dado consentimento e também nas suas consequências. É complicado dar consentimento.

Se aceitamos que esfregar contra o no chão, contra os móveis ou outros, é sexualmente estimulante. Podemos então concluir que, ao efetuar essa ação, a pessoa que a está fazendo comunica que deseja continuar a fazê-lo? Muitas pessoas com DI não conseguem ter “controle total sobre as consequências de um consentimento” (8).Mas através dos seus comportamentos e iniciativas eles podem demostrar o que querem.

Se, como pai ou mãe, quiser que o seu filho pratique tal ato no seu próprio quarto (não na sala de estar ou na cozinha), pode tranquilamente mostrar uma foto do quarto sempre que os veja deitados no chão ou a esfregarem-se contra os móveis, e diga: Vá para o seu quarto. Pode levá-los calmamente para o quarto, deixá-los sentar ou deitar na cama ou no chão. Quando vir que estão bem, pode tranquilamente sair do quarto. Deixe-os ficar um pouco sozinhos no quarto.

Se for difícil orientar o seu filho para ir para o quarto, pode tentar comprar um vibrador (triangular, longo ou outro), ou uma bola vibratória que deve por no quarto ou na gaveta ao lado da cama. Quando a criança se começar a estimular na sala de estar, pegue no vibrador e coloque-o em cima da cama ou no chão do quarto. Vá para o quarto e ajude-o a pegar no vibrador enquanto lhe segura o cotovelo. Deixe-o sentir a vibração em direção ao corpo ou ao abdômen (enquanto lhe segura o cotovelo). Evite o contato entre si e o vibrador, e do vosso corpo, exceto o da sua mão no cotovelo. Se a criança pressionar o vibrador no corpo ou no abdômen, saia da sala em silêncio. Deixe-o sozinho durante 15-20 minutos, até que termine. Volte para o quarto e guarde o vibrador no seu lugar habitual.

Nunca deixe o vibrador ser usado na sala de estar, na cozinha, etc., apenas deixe que o usem no quarto. Deve apenas permitir o vibrador nos quartos que definir. Nas férias, um objeto vibratório / vibrador pode ir na bagagem e ser usado no momento e no espaço apropriados.

Direitos Sexuais

Se uma pessoa demostra comportamento sexual, os pais podem ajudar essa pessoa a fazer sexo numa zona apropriada. Isso garante que os direitos da pessoa sejam assegurados de uma  forma adequada. Deve consultar os “direitos sexuais”, desenvolvidos pela OMS (19) e pelo WAS http://www.worldsexology.org/resources/declaration-of-sexual-rights/.

Através da ratificação da CDPD, vários países chegaram a um acordo internacional para dar a todos os deficientes os mesmos direitos que a população em geral (26). Isso  também implica que alguns países precisam levar a sério a participação e a influência real das pessoas com  DI nas áreas que lhes dizem respeito. A participação baseada na filosofia "nada sobre nós, sem nós" foi desenvolvida por muitos países ao longo dos anos. Essa participação é enfatizada na legislação e nas principais orientações políticas em muitos países (26, 29).

O que a pessoa deve saber sobre sexo:

  •  Ter conhecimentos básicos específicos sobre o sexo (por exemplo, conhecer as partes do corpo, as relações sexuais, os atos sexuais, etc.)
  • Conhecimento sobre as consequências dos atos sexuais, incluindo infecções sexualmente transmissíveis, gravidez, esterilização, etc.)
  • Compreender o que é um comportamento sexual apropriado e o quadro em que ele deve ocorrer
  • Entender que a atividade sexual é levada a cabo como resultado de uma escolha livre / voluntária
  • Capacidade para reconhecer possíveis situações de abuso 
  •  Capacidade de se assumir em situações sociais e pessoais e de recusar em qualquer momento qualquer atenção indesejada (27).

Países diferentes tem regras diferentes.

Para ser capaz de dar o seu consentimento, a pessoa com DI:

  • Deve ser capaz de explicar/debater as suas escolhas
  • Deve ser capaz de entender informações relevantes para tomar uma decisão 
  • Deve ter a capacidade de entender as consequências das suas ações / escolhas
  • Deve ter a capacidade de usar informações relevantes para ponderar a favor ou contra uma decisão
  • Deve ser capaz de analisar que áreas é capaz de consentir quando não estiver preparado para dar o seu consentimento em todas as áreas

(Estes pontos são baseados numa anotação do psicólogo especialista B. Holden, Habiliteringstjenesten I Sykehuset innlandet, Noruega Lagret NFSS). A maioria das pessoas com DI precisa ser treinada nos pontos acima mencionados, para os poder entender. Muitas pessoas com DI são competentes para dar o seu consentimento.

Frank Stephens Discurso importante sobre a síndrome de Dawn 

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Questões para reflexão:

O seu filho/filha tem uma conduta de natureza sexual?


Friends III

Desenho: Henriette 13 år.