Saúde Sexual e Deficiência Intelectual

2. Liberdade individual, proteção jurídica e autodeterminação

2.1. Sexualidade


Uma forma de entender o significado de saúde sexual é olhar para o modelo de saúde sexual (2), que consiste nas seguintes componentes:

Uma componente básica 

Uma componente fisiológica

Uma componente cognitiva

Uma componente relativa

Uma componente pessoal 

Cada componente é importante quando fala com o seu filho / irmão / cliente sobre a saúde sexual. Cada componente afeta a nossa sexualidade, e pode ser influenciada terapeuticamente (2).

Sexual health model bu J. Bye- Hansen

Fig 1:  Modelo da Saúde Sexual (2) by Jesper Bay-Hansen

Componente básica (fig. 1) inclui o gênero biológico (XX ou XY). A componente fisiológica inclui os sentidos, como a visão, a audição, o olfato e o paladar, bem assim como a condição fisiológica e de saúde no corpo. A Componente cognitiva inclui as ideias, o conhecimento, a ignorância e a imaginação na sexualidade de homens e mulheres. A componente pessoal inclui a identidade de gênero; de que maneira sentimos que somos um gênero, masculino e feminino. Desejo sexual, fantasias e desejos também fazem parte da componente pessoal. A componente relacional inclui presença; como agimos e comunicamos numa situação sexual, como sentimos os outros, como seduzimos, como conversamos uns com os outros, etc. (9).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o conceito de sexualidade do ponto de vista da saúde sexual e dos direitos sexuais. A definição de saúde sexual implica uma abordagem abrangente e integrada à sexualidade, aos relacionamentos e às experiências sexuais. Destaca-se a necessidade de respeitar, proteger e cumprir os direitos sexuais como meio de alcançar o bem-estar (7): 

“A sexualidade é uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade; que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental”.(7)

A sexologia foi pela primeira vez tema de um livro de E.O.G. Willard, publicado em 1867, intitulado "Sexologia como a Filosofia da Vida" (1). Hoje, a sexologia é um amplo e extenso campo de estudo que abrange muitos temas. Sexualidade não significa apenas necessidades baseadas em fatores biológicos. A sexologia como área de estudo, investiga temas, tais como, o significado da sexualidade, o seu papel na vida das pessoas, a relação entre sexualidade e direitos humanos, incluindo a responsabilidade do Estado em relação à proteção e cumprimento dos direitos sexuais.. A segurança legal diz respeito à proteção contra o abuso ou a arbitrariedade pelas autoridades. As pessoas com DI são mais vulneráveis devido a dificuldades cognitivas (1). Consulte também o módulo Direitos Humanos.

Hoje existe uma Associação Mundial de Saúde Sexual (WAS) que, entre outras coisas, desenvolveu uma Declaração de direitos sexuais (62).

A visão da sociedade sobre a sexualidade influencia a forma como as pessoas vêem-se a si próprias e aos outros. Nos média, a sexualidade está fortemente ligada à juventude, à beleza e ao sucesso. Esses estereótipos adotados pela média dificultam a aceitação da sexualidade àqueles que não se encaixam nesses padrões.

Uma questão frequentemente discutida é se as pessoas com DI têm sexualidade e se devem ter a possibilidade de serem sexualmente ativas. Sexualidade ou 'atividade sexual' pode ser definida como todas as ações observáveis que incluem a ativação de órgãos genitais ou outras áreas privadas do corpo (…)

Uma compreensão da orientação sexual abre a possibilidade a diversas formas de manifestar atividade sexual. Com base nesse entendimento, as PCDI são pessoas sexuais que experimentam a sexualidade como as outras pessoas. As pessoas não fazem sexo apenas para a reprodução, mas também porque contribui para uma boa qualidade de vida. Os seres humanos nascem como seres sexuais e todos passam por um desenvolvimento sexual pessoal (5).

Os pais costumam ter um contato estreito com os seus filhos e adolescentes. No entanto, falar de autonomia e sexualidade pode ser difícil. Há várias razões para isso. Esta falta de abertura e confiança pode dever-se à falta de palavras que a criança percebe ou está familiarizada. Sexo, idade, origem étnica, religião e paz social podem também influenciar a conversa. O nível de deficiência, bem assim como a visibilidade da incapacidade podem também influenciar. As pessoas com deficiência têm o direito natural de participar na vida quotidiana e na sociedade. A autodeterminação é um direito humano que nos permite gerir a nossa vida e a nossa sexualidade.

"Coabitação e sexualidade" é um tema familiar para a maioria de nós. Amigos, amantes, carinho, emoções, conhecimento de seu próprio corpo, contraceção, namoro, masturbação, relações sexuais e assim por diante, são tópicos que encontramos em nossas vidas. Além disso, temos de lidar com questões, tais como, as normas, as regras, as leis, a ética, os desvios sexuais e as ajudas técnicas.. Coabitação é a doutrina de viver juntos.

ATIVIDADE:

  • No que diz respeito ao seu país, acha que a sexualidade das pessoas co DI é reconhecida como um direito humano? 
  • De que forma é que acha que a sua aceitação da sexualidade influencia a sexualidade do seu filho?
  • Assista ao vídeo seguinte e reflita sobre a melhor altura para começar a falar com o seu filho sobre o corpo, a identidade e a sexualidade.

  • Que razões poderiam levá-lo a não aceitar o seu filho como pessoa sexual?