Saúde Sexual e Deficiência Intelectual
7. O Abuso Sexual
7.1. Divulgação dos fatos
Divulgação dos fatos
Aguarela: G.Dietrichson
As PCDI são vulneráveis porque precisam de ajuda de outras pessoas!
Caso: Porque é que as crianças não falam sobre abuso sexual
Fatos
As consequências para a saúde do abuso sexual em idade precoce podem ser graves. Há pessoas por detrás destas estatísticas que você precisa abordar com conhecimento e autoconfiança. O abuso sexual acontece em todo o lado, em todos os países. Alguns países têm bons dados sobre esta questão, enquanto outros não dispõem de dados sobre o abuso sexual.
Os números mais recentes do 'Nasjonalt kunnskapssenter om vold of traumatech stress' (NKVTS) estimam que 5% das mulheres e 1% dos homens foram violados em criança através do uso de violência ou com ameaças de danos. Mais da metade desses indivíduos relataram ter sido violados repetidamente.
A media de idade das crianças abusadas antes dos 18 anos é de 14 anos e 14% delas que foram abusadas antes dos 10 anos de idade. 17% dos abusos contra meninos são cometidos isoladamente por uma agressora.
Estes números foram retirados de um estudo do " Centro norueguês de estudos sobre violência e stresse traumático / "Nasjonalt kunnskapssenter om vold on traumatic stress" (65) . É um estudo nacional sobre a ocorrência de violência, ao longo da vida, com base em relatos pessoais de violência e abuso. Nele participaram 2437 mulheres e 2091 homens, com idades compreendidas entre os 18 e os 75 anos (65). Na página da "Norwegian Directorate for Children Youth and Family Affairs/ Barne- Ungdoms-, og familiedirektoratets nettsider" podemos ir consultando as atualizaçóes destes dados sobre a ocorrência de situações de abuso à medida que novos relatórios forem divulgados (66,67,70).
Filme://youtu.be/sUnOQ8z44G4
KRIPOS (68, 69) tem dados sobre o número de abusos denunciados na Noruega https://www.politiet.no/globalassets/04-aktuelt-tall-og-fakta/voldtekt-og-seksuallovbrudd/voldtektssituasjonen-i-norge-2015.pdf. Eles têm também relatórios de abuso sexual cometido contra crianças menores de 14 anos https://www.politiet.no/globalassets/04-aktuelt-tall-og-fakta/voldtekt-og-seksuallovbrudd/seksuelle-overgrep-mot-barn-under-14-ar_web.pdf Save the Children (67) escreve: “Ninguém sabe melhor o que é ser vitima de abuso do que a pessoa que o sofreu. Ninguém sabe melhor o que se sente quando não acreditam em nós, não nos ouvem nem nos veem, ou o como é difícil falar com alguém sobre estas experiências ”. Em 2015, Save the Children (67) fez dez filmes de Redd Barna, onde foram contadas dez histórias de pessoas vítimas de abuso. Pode assistir a esses filmes nas páginas da Internet da campanha nacional sobre abuso sexual de crianças (https://www.reddbarna.no/vaart-arbeid/barn-i-norge/nettvett/materiell-og-aktiviteter/nettvettfilmer ). TO relatório Save the Children (67) «Den som er med på leken…» («Aqueles que jogam o jogo ...») descreve como os jovens vêem a violação, os papéis de gênero e o consentimento.
As violações por vezes acontecem entre jovens (71-76) que desconhecem o que é o abuso sexual e a violação (8). Muitas jovens assumiram a culpa e explicaram o que aconteceu (8). As pessoas falam com muita frequência sobre a questão física. Uma relação incestuosa não está dependente do toque físico, mas pode, de facto, ser independente do toque físico (5).
Por vezes, a vítima não percebe que está sendo objeto de um abuso sexual. Estudos internacionais mostram que a maioria dos Comportamentos Sexuais Nocivos (HSB) é feita por rapazes (90-95%) com uma idade média de 14 anos. Quando cometem o seu primeiro HSB, a maioria desses rapazes vive junto com seus pais. Jovens que cometem HSB são frequentemente irmãos, familiares ou pessoas que conhecem bem a vítima. A vítima é frequentemente uma rapariga mais nova (71,77).
Questões para reflexão:
A sua filha / filho sabe o que é o abuso sexual?
As PCDI podem cometer abuso contra outras pessoas com DI (71). Existe alguma literatura sobre o assunto. Ultimamente, tem havido relatos de PCDI que cometem abuso sexual contra os irmãos mais novos ou mais velhos (71). Os jovens infratores costumam ser meninos na puberdade que conhecem bem a sua vítima por ser membro da sua família (9).O conhecimento das normas de convivência e da sexualidade pode prevenir o abuso, uma vez que o conhecimento mais profundo nos torna mais competentes para reconhecer o abuso, identificar pessoas em risco de serem abusadas e um caso de abuso. O conhecimento dos seus próprios direitos e limites pode preparar uma pessoa para identificar situações abusivas. O conhecimento pode contribuir para que as pessoas aprendam mais e sejam mais abertas sobre como o seu espaço privado foi violado. Pais e profissionais de saúde precisam ser capazes de falar e ensinar sobre violação e abuso, de uma forma que seja fácil de entender pela o PCDI. Se falamos em sexualidade positiva primeiro, pode ser mais fácil nos aventurarmos nos aspectos negativos da sexualidade.
Divulgação
Ao relatar as suas preocupações como pai / mãe, pode ajudar a criança a ter a devida atenção e ajuda. Todos tem a responsabilidade moral de denunciar um abuso, e também a responsabilidade legal se for funcionário público. Antes de denunciá-lo à polícia pode discutir as suas preocupações anonimamente com um profissional ou com um advogado. Todos os funcionários públicos e muitos outros profissionais são obrigados a cumprir o dever de confidencialidade. Independentemente de a pessoa trabalhar no setor público ou privado, têm também o dever de denunciar às comissões de promoção e proteção dos direitos da criança se acreditar que:
- a criança pode ser vitima de abuso em casa ou em qualquer outro lugar
- existem outros tipos de negligencia séria no que diz respeito ao bem estar
- quando a criança tem problemas comportamentais sérios e duradouros
Filme: https://youtu.be/N8mjN8HR7e0
Carta de denuncia
Ao elaborarmos uma carta de denuncia, devemos indicar todos os factos que nos levaram a escrever tal carta: (observações, conversas com a criança, ocorrências específicas ou outras); qual a sua participação no caso; entre em contato com a escola e com as respetivas autoridades. Devemos escrever as nossas observações pessoais de forma objetiva, sem comentar o que ouviu ou viu.https://barnevernvakten.no/file/bekymringsmeldingoffentlige.pdf
Para preenchermos a carta de denuncia com base nos detalhes fornecidos pela criança, precisamos ter uma relação reconfortante e de total confiança para a criança. Devemos estar disponíveis para responder a perguntas e informar a criança onde pode pedir mais ajuda. Existem muitas organizações criadas para ajudar as vítimas. . Cada país organiza esses serviços de maneira diferente. Na Noruega, existem as “Child Houses”/ “Barnehusene” regionais, com equipas interdisciplinares prontas para ajudar as vítimas que desejam denunciar ofensas à polícia.
Há muitas maneiras de lidar com o abuso dos limites pessoais. Ouça as vítimas, pois elas podem dar algumas ideias de estratégias de sobrevivência que poderá aproveitar.
Foto: G.H.Lunde